segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

ANTÓNIO OSÓRIO


VENCEDOR DO PRÉMIO POESIA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES.

ANTÓNIO GABRIEL MARANCA OSÓRIO DE CASTRO,

Nascido em Setúbal em 1933, Licenciado em Direito, exerceu a advocacia e foi co-director, nos anos 50, da revista Anteu , nela publicando as suas primeiras composições e o texto teórico "Natureza e Missão da Poesia", no qual defende a natural facciosidade e imperfeição de qualquer movimento literário face à totalidade e mistério do homem, e postula, como única posição válida em poesia, a exclusão de toda a exclusão.

Denunciando a ligação a filosofias da existência, nesse mesmo texto sublinha a necessidade de o homem ter "consciência da própria condição, da individual efemeridade e da evanescência de todas as coisas humanas", premissa que norteará uma actividade poética cuja edição é encetada no início dos anos 70. A publicação de A Raiz Afectuosa virá então confirmar não só essa independência como conferir a este autor, pela despudorada e humilde evocação de afectos, pela celebração do mistério da vida, pela serenidade com que situa a morte na vida, um lugar singular na poesia portuguesa contemporânea.

A ruptura nasce da aposta em "Não ser um místico do nada", nem "céptico", nem "um descrente carnívoro", "mas planta nascente / num prado / com milhões de raízes" (cf. «Xisto, Pedra de Lama», in Décima Aurora ), numa comunhão franciscana com tudo o que existe e que se consuma na "gratidão" "por estar na terra / uma só vez, ao sol / nada pedindo, nenhum segredo" («Gratidão Que Nem Sabe / A Quem Deve ser Grata»). A permuta entre a vida e a morte, "ambas perdurando além de toda a mudança", no espaço fantasmático do poema; a serenidade metafísica com que interroga o sentido da existência, sem converter a razão em instrumento de dor, num defeito que consiste em "não retirar da ironia (e da auto-ironia) quanto do amor e da piedade" («Entrevista Apócrifa») são os traços mais originais de uma arte poética que se resume a duas etapas: "Armazenar sofrimento // Distribuí-lo depois / límpido" («Ofício», Ignorância da Morte ).

Mas a conquista de uma simplicidade que dissimula o diálogo com textos e culturas, num poeta que se considera, na acepção de Croce, filho de todos os poetas que o precederam e filho de si mesmo, decorre de algumas "astúcias poéticas" reveladas pelo autor em «Entrevista Apócrifa» (Décima Aurora , 1982): "primeira, limpar as palavras da sujidade, como se faz a uma tela antiga, fazendo-as regressar ao fulgor inicial [...] Segunda, simplificar sempre, usar poucos adjectivos, e cada adjectivo, podendo, uma só vez. Mas então acertar-lhe em cheio [...]. Terceira, dizer o inominável de forma brutal, mas sem a desmesura daquele: o máximo de violência num mínimo de retórica.

Retirado da net
JBS

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