domingo, 31 de janeiro de 2010

BOM DIA RAPAZIADA


ESTA É A SELECÇÃO QUE REPRESENTOU A MINHA TURMA DO 1º ANO 1ª turma, ano de 1952/ 53, NO CAMPEONATO INTERNO DE HOCKEY PALMADINHA

.Em cima,

HUMBERTO GOMES, RAMOS JOSÉ, CELINHO, JOÁO DOS SANTOS E REINALDO NETO.

Em baixo,

JOAQUIM CRUZ, JORGE AMADO E HERLANDER ESTRELA.


JBS


sábado, 30 de janeiro de 2010

OPINIÃO


VOLTARAM OS ANOS 80 DO FUTEBOL PORTUGUÊS.

Bracalli: “O pénalti matou o jogo”
O guarda-redes no Nacional não tem dúvidas de que “não houve penálti”, e considera que esta falha d ...

O guarda-redes no Nacional não tem dúvidas de que “não houve penálti”, e considera que esta falha da arbitragem condicionou o rumo do encontro. “Não esperávamos perder desta forma. O jogo foi condicionado pelo pénalti e pela expulsão do Alex Bruno. Acho que não foi pénalti e isso matou a partida. Contra 11 já é complicado e com menos um, durante uma hora, ficou mesmo impossível”, afirmou Rafael Bracalli, em declarações à SporTV.


Manuel Machado reconhece que expulsão foi fatal
Manuel Machado admitiu que depois da expulsão de Alex Bruno aos 28 minutos, a equipa não ‘foi a mes
Manuel Machado,
admitiu que depois da expulsão de Alex Bruno aos 28 minutos, a equipa não ‘foi a mesma’. Antes de ficarem dez elementos em campo, a equipa da casa “conseguiu manter o equilíbrio e resultados a zero”. “O minuto 28 foi fatal para o Nacional.
Fizemos dois jogos com o F.C. Porto esta época e enquanto estivemos com onze jogadores conseguimos manter o equilíbrio e o resultado a zeros. Após perdermos um jogador não conseguimos o mesmo”, afirmou o técnico.
O técnico dos ‘insulares’ referiu ainda dois penalties que ficaram por marcar sobre Edgar e Alex: “Há um penalty nítido sobre o Edgar, há um pontapé do Falcao no Alex que é penalty e vermelho, enfim, há um amarelo para o Alex no primeiro”.Manuel Machado criticou ainda a arbitragem da partida:
“A arbitragem em Portugal não é cristã: ou esqueceu os princípios ou não foi à catequese.
Esquece-se que deve tratar todos por igual, sejam grandes ou pequenos”. O técnico acabou por dizer que se sente revoltado: “O que sinto é uma grande revolta. Parafraseando uma pessoa com quem não tenho relações, nem sequer simpatizo: ganhar a um grande em Portugal ou se faz pelo esmagamento ou então só na playstation”.

RETIRADO DO SAPO/ DESPORTO
por
JBS

NOTAS


A VITALIDADE DOS BLOGUES,

Os comentários em maior ou menor número definem a vitalidade de um blogue. Este blogue, que criei recentemente e dei alum conhecimento, não tem sido alvo dos ditos comentários, talvez porque tenha poucos artigos de opinião.

Talvez...

Por isso deixo algumas notas acerca da REPUBLICA.

A Monarquia, ao contrário do que possivelmente muitos julgam saber, não acabou em 5 de Outubro de 1910 com a conquista do Estado pelo Partido Republicano e o exílio do rei D. Manuel II e da família real. Em 1919, a 19 de Janeiro, um domingo, pela uma da tarde, voltou a haver Monarquia em Portugal. Não em todo o País, mas no Porto e, a partir daí, por quase todo o Norte do País.

A restauração, também tentada em Lisboa, a 22 de Janeiro, falhou no Sul. A Monarquia de 1919 ficou assim a ser a ‘Monarquia do Norte’, existindo acima de Aveiro e Viseu, uma espécie de ressurreição tardia do original Condado Portucalense.

Em 1910, muita gente dispusera-se a aceitar a República, na suposição de que seria um regime liberal e pluralista. Mas a República, entre 1910 e 1917, não foi isso. Consistiu antes no domínio do Estado por um partido, o PRP de Afonso Costa, com uma orientação de esquerda revolucionária.

Não, a Monarquia não acabou a 5 de Outubro de 1910.

Não se pode dizer que o rei tenha voltado, mas os que o queriam de volta reinaram entre 19 de Janeiro e 13 de Fevereiro de 1919 – no Norte.

João Brito Sousa

FUTEBOL


SLBENFICA 3 / VITORIA DE GUIMARÃES 1


Mais pressionante sobre a bola, o Benfica cedo começou a procurou a procurar a baliza de Nilson e os primeiros remates pertenceram a Cardozo e Luisão.

Com Fábio Coentrão a ocupar a lateral esquerda e Carlos Martins a fazer de Ramires, o ataque do Benfica ficou claramente entregue a Di Maria, que em sucessivas arrancadas fez tremer a defesa vimaranense.

Mas foi outro argentino a dar a primeira alegria aos adeptos da Luz. Depois de ganhar um ressalto a meio-campo, Aimar arrancou para a baliza e à saída de Nilson colocou a bola para o lado esquerdo do guardião brasileiro.

O Benfica não abrandou e a sede de chegar ao golo era tanta que Cardozo e Carlos Martins desentenderam-se mesmo, depois de o paraguaio amortecer e a bola se ter perdido sem que ninguém fizesse o derradeiro remate.

E quando era o Benfica a carregar, o Guimarães surpreendeu os homens de Jorge Jesus. Num contra-ataque rápido e numa jogada sempre em progressão, João Alves isolou Nuno Assis bem pelo centro da defesa encarnada e este bateu Quim com o bico do pé direito.

Um buraco na defesa encarnada e a melhor jogada do encontro deram o empate ao Guimarães.
Inconformado, o Benfica buscou até ao final da primeira parte o empate, mas o Guimarães sempre fechado continuou a aguentar-se, com destaque para uma jogada em que Saviola se isolava e foi derrubado por Moreno. O amarelo ao central vimaranense podia ser de outra cor, mas o resultado é justo pela falta de coordenação do movimento ofensivo encarnado.

Pouco depois de Elmano Santos ter apitado para o reinício da partida, Pablo Aimar decidiu voltar a abrir o livro.

Isolado na direita, o médio das Pampas tentou assistir no centro da área o compatriota Saviola, mas a defesa do Guimarães devolveu-lhe a bola.

De cabeça levantada, cedo o argentino encontrou novo destinatário e endossou a bola a Carlos Martins, que de primeira e à entrada da área bateu forte para o 2-1. Nilson parece ter sido mal batido depois de não ter visto a bola partir do pé direito do número 17 encarnado.

Se nas bancadas se pensou que a partir daí o jogo ia ter só o sentido da baliza de Nilson, os minutos seguintes logo demonstraram que quer os adeptos quer Jorge Jesus – que tinha dito que o Guimarães vinha jogar à defesa – teriam de sofrer mais, porque louvavelmente Paulo Sérgio veio à Luz para mostrar um Vitória a jogar futebol.

Mas o que o técnico vimaranense não pôde prever é que esta era a noite de Carlos Martins, que a 30 metros da baliza disparou e deixou Nilson pregado ao relvado. 3-1 para o Benfica num golo de levantar o estádio.

O futebol de ataque continuou e de um lado e de outro sucederam-se as oportunidades. Nuno Assis testou os reflexos de Quim e o Benfica com mais espaço explorou os buracos na defesa do

Guimarães, com Cardozo a desperdiçar uma oportunidade clamorosa frente a Nilson.

Claramente, o melhor marcador do Benfica no campeonato enfrenta uma fase de menor acerto, ainda que Jorge Jesus o tenha mantido em campo quase até ao fim, optando por fazer descansar primeiro Saviola na troca com Éder Luís, que ainda atirou à barra.

A figura no melhor dos encarnados, Carlos Martins acabou por manchar a sua exibição com a expulsão aos 72’, por acumulação de amarelos.

No final, destaque para a grande atitude do Guimarães, que veio ao estádio da Luz jogar de igual para igual e que podia até ter conseguido outro resultado.

Com este resultado, o Benfica “encosta” novamente ao Braga, mantém a distância de 6 pontos para o FC Porto e vê a vantagem para o Sporting aumentar para 15 pontos.

RETIRADO DO SAPO/ DESPORTO

por
JBS

NOTA: Concordo com crónica acima.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

FUTEBOL/ OPINIÃO


FUTEBOL, SP. BRAGA 1 - SPORTING CLUBE DE PORTUGAL 0
ANÁLISE.

Gostei do jogo. Bem jogado, bom ritmo, boa entrega, bons momentos, emoção, um golo numa boa jogada e tudo o resto que fez do jogo um bom espectáculo.

O vencedor está certo e é de toda a justiça colocar o Sp. de Braga entre as melhores equipas do campeonato de futebol poruguês.

EDUARDO defendeu tudo, os laterais estiveram bem e há até uma jogada do nº 2 que merecia ser melhor concluída. Os centrais e o lateral esquerdo são bons mesmo.

Hugo Viana tem um remate fabuloso, Alan e Moissoró são diabólicos. Parece-me que a equipa está a render que pode e sabe e está muito bem.

Entendo que o Presidente António Salvador, que não treina nem joga, é o grande responsável por este bom momento que o Sp. de Braga atravessa. Do treinador Domingos Paciência virá alguma coisa, mas não chega.

Em minha opinião, a equipa de Cesário, Passos, Gabriel, Imbelloni e outros, anos 50, era melhor do que esta e não ganhou nada. Porquê?

O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, bateu-se bem. Continuo a pensar que se tivesse na baliza o Carlos Gomes, talvez não perdesse o jogo. Nada contra o Rui que é jovem e tem futuro.

Boa arbitragem.

João Brito Sousa

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A CULTURA


VIVA A CULTURA

CULTURA ou a cultura de uma pessoa, é aquilo que cada um de nós ainda sabe depois de ter esquecido tudo quanto aprendeu. Era assim a definição de cultura, mais coisa menos coisa. A gente estudava, esquecíamo-nos um pouco daquilo que tínhamos aprendido e o que sobrava, constituía o nosso património cultural.

Mas isto era o que eu pensava ser cultura, antes de conhecer os trabalhos do Professor Doutor José Carlos Vilhena Mesquita, um professor Universitário nas Gambelas, radicado em Faro mas, natural de Vila Nova de Famalicão,

Não conheço o Professor pessoalmente, nunca estive em sua presença, apenas o tenho contactado através das coisas da literatura. E às vezes trocamos umas ideias sobre determinados assuntos. Para quem não o conhece, quero dizer aqui, que, em minha opinião, o Professor Doutor JCVM é um homem da cultura farense, com a agravante de não ser natural da cidade, dispensando-lhe todavia grandes períodos de estudo e investigação.

Ler os artigos do Prof nos seus blogues, http://algarvehistoriacultura.blogspot.com/ ou http://promontoriodamemoria.blogspot.com/ é conhecer melhor não só a cidade mas sim toda a região algarvia em muitos dos seus aspectos fundamentais, quer sejam de cultura geral, local ou regional, mas também os seus costumes e tradições, a sua história, aspecto em que o professor JCVM é especialista.

A par de outros vultos de grande valor académico que a região dispõe, entendo que o Professor Doutor JCVM é um investigador nato, que coloca, particularmente, toda a sua capacidade de trabalho ao serviço da Universidade onde lecciona e estende ainda a sua investigação a um âmbito mais alargado de conhecimento.

Os meus parabéns ao senhor Professor JCVM, pela sua competência e valor

JBS

NOTAS


1 - Vou até ao Algarve passar lá uns dias, até à praia da Quarteira e aproveito para apresentar os meus livros Sonetos Imperfeitos e Lucidez de Pensamento, numa sessão de fados promovidos Pelo MUSEU DO TRAJE EM S.BRAZ DE ALPORTEL.

2 - FUTEBOL /OPINIÃO

JOAQUIM MEIRIM E JORGE COROADO, brilharam como antibenfiquistas primários, o que se lamenta. A Lusa já explicou o caso dos stewards mas o Dr. Meirim não quiz saber e, se é verdade o que diz a Lusa, Meirim penalizou o Benfica, dizendo, supostamente, inverdades. Lisandro e Aimar não tem nada a ver mas o senhor Coroado, ao que parece, convem-lhe falar em injustiças e lá vai disto. Parece-me que foi sempre assim.

Todas as pessoas que estiveram no programa, sabem que houve outros túneis e outras coisas graves, mas sobre isso, nem uma palavra. O programa pareceu-me desonesto e, consequentemente, desnecessário. Mas ao que parece, os intervenientes gostaram do que dissseram num programa fútil e deseducativo. Sobretudo injusto, tal como o foram os intervenientes.

Não contribuiu para a verdade do futebol. Afundou-o.
Uma nota sobre o que andam a dizer os jogadores do FCPorto, o argentino Falcão, nomeadamente. Era bom que se interessasse sobre o historial do seu clube, que, ao que parece não conhece. E já agora, explique lá melhor o conteúdo da sua afiirmação, porque me parece vir suja e mal intencionada. Mas aconselho-o a olhar para dentro de si.
Igual para o Maciel.

JBS

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

FUTEBOL


PROGRAMA DO SENHOR FERNANDO CORREIA
(canal 7 TVI24)

O senhor Nuno Sousa do Porto, usou da palavra no progama citado acima, depois de dizer que nem sempre tem tempo para ouvir o programa como gostaria.

O que disse este senhor de palpável; no meu entendimento nada.

E pedia-lhe que reflectisse.

JBS

POESIA


VIVER CONTIGO



Amanhã é outro dia, talvez com sol
Era bom que fosse o tal dia esperado
Onde tu me trouxesses essse tal rol
De coisas boas dizes tens guardado


Terás também das más certamente
Mas dessas não quero nem interessa
Saber se o que se passa entre a gente
Sim, saber onde o amor por ti começa


O mesmo que não quero que acabe
E seja forte como no teu coração cabe
Inabalável mesmo como eu gostaria


Era isso que queria ver se tens escrito
Para sosegar este coração esquisito
Que diz que te ama desde esse tal dia



JBS

A CRIANÇA QUE FUI!


A CRIANÇA QUE FUI.


Todos nós fomos crianças, todos nós fomos pequeninos, todos nós tivemos pai todos nós tivemos mãe. Parece que isto é assim. Depois de crianças e de pequeninos, crescemos na altura, na idade, na maneira de ser e noutros aspectos.

Face a isso, a todos se nos irá abrir um caminho, uma estrada para percorrer e uma missão para cumprir. Alguns ficaram apenas com o destino no horizonte porque não puderam chegar, por razões diversas… a lado nenhum. E aqueles que chegaram a iniciar a caminhada, foi-lhes exigido uma carga de trabalho excessivo, às vezes, grandes doses. Dizem que isto é a vida. A ser assim, qual o valor da vida?...

Falar de vida é a mesma coisa que falar da nossa existência. Se vivemos logo existimos. E a nossa existência, só ganha significado, se cada um de nós encontrar o itinerário adequado à sua própria maneira de ser e de pensar, e nela aplique toda a experiência que quotidianamente vai consolidando.

Com este comportamento pretende-se obter uma sabedoria e um conhecimento de tal dimensão, que nos possibilite encontrar verdades na vida com tal evidência que nos façam compreender o que é ou não é justo, o que é ou não é correcto, o que é ou não é desejável, o que é ou não é ético, pois só assim estaremos em condições de nos confrontarmos com o erro, com a desordem e a violência.

Compete-nos a nós, preocuparmo-nos com a nossa existência comprometendo-nos encontrar uma mudança para melhor. Com amor. Com amor à vida. É um trabalho de transmutação da condição humana, fundamentalmente uma afirmação de valores que constituam a base de um agir lúcido e corajoso, capazes de dominar aqueles impulsos, que sempre destruíram a liberdade e atraiçoaram a justiça.

É fundamental pensar num projecto que lance os alicerces sólidos e sem complexos direccionados a um humanismo real, repensando a articulação do pensamento com a prática, desenvolvendo uma actividade tal que nos traga as respostas para a densa problemática das finalidades da existência.

O trabalho a realizar será, portanto, dar uma orientação à vida no sentido de nos apercebermos de como agir nesse período precário e frágil, que cada ser humano assume como uma herança enigmática

Na realidade, a vida humana é um permanente diálogo entre o eu e o eu. Não obstante o horizonte se envolver na obscuridade e por consequência no terreno da irracionalidade, é preciso entender que o encontro com a vida, não sendo necessariamente o despertar de uma esperança é porem o único desafio que resta face ao desconhecido.

É uma interminável busca de respostas para interrogações fundamentais. Apesar de nenhuma explicação nos chegar, pensar a vida e examiná-la é o caminho próprio, tornando-se na tarefa mais antiga que o Homem tem tido a seu cargo desde a Antiguidade.

O ser humano encontra-se inteiramente abandonado à necessidade de se realizar por si mesmo. Mas alguma coisa de criança continuará sempre em nós.

Texto publicado no jornal AVEZNHA/Paderne
João Brito Sousa

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

CARTA AO ALFREDO PEDRO


Porto, 2010, 01,26

Caro Alfredo,


Haja saúde.

Que bela a carta que me enviaste, meu velho.
Muito bonita.
Aí vai um poema.

OBRIGADO


Alfredo,
Meu velho amigo
Que sentimentos puros tu tens
São assim os homens
Olham em frente e dizem
O que sentem
E o que sabem
E tu sabes tanta coisa
Alfredo
Que até tenho medo
que o que tenho para te dizer seja pequeno
que é isso que eeu não quero
quero que sintas em mim
uma amizade sincera
grandiosa
porque os amigos
são assim.


Ab do
João Brito Sousa.

A POBREZA



É um assunto que parece andar a preocupar as altas personalidades do nosso País, pelo menos, foi isso que ouvi num programa de televisão recentemente, onde foram noticiadas situações de alguma gravidade e indignidade. Não sendo tudo, entendo ser um acontecimento a registar, favoravelmente, porque as pessoas têm que encarar as desigualdades sociais como uma anormalidade.

A sociedade constituiu-se para se conseguir patamares mínimos de existência digna. Depois desta posição, mediante a capacidade de cada um, habilidade, intuição, inteligência, vontade, querer, a situação poderá evoluir para patamares de maior estabilidade. Que é o que se pretende.

Entendo que o grande capital e os Governos, deveriam tomar a peito essa missão, elaborando programas com uma boa dose de razoabilidade de execução, traçar metas e certificar-se do seu cumprimento. Rendimentos mínimos é prolongar a pobreza.

Em meu entendimento, tudo passa por uma questão de formação e educação, porque as pessoas terão de sentir também essa necessidade de se valorizar, afirmando-se perante a sociedade, como elementos válidos, o que, sendo uma matéria difícil deverá ser tentada.

De uma maneira geral, em Portugal, sempre existiram pessoas com deficientes capacidades financeiras, que tornearam o problema estendendo a mão aos outros. Penso que deverá ser uma atitude deveras humilhante, essa de ter de proceder assim, mas, entendo que a atitude vale, para o País conhecer a real situação em que vivem as populações.

Não sei o que a vida me reserva nem direi que desta água não beberei. Todavia, viver num País onde algumas pessoas bem colocadas na vida, preocupam-se, aparentemente, apenas consigo próprias e praticamente esquecendo os outros, não é um País de comportamento eticamente correcto. Eu quero viver num País que se preocupe com o bem estar dos seus cidadãos.

É por isso que escrevi esta crónica.

JOÃO BRITO SOUSA

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

BREVEMENTE


IREI FAZER O LANÇAMENTO DAS SEGUINTES OBRAS,

SONETOS IMPERFEITOS, no Museu do Traje em S. BRÁS DE ALPORTEL (31,01,2010) e, em data a designar, apresentar a mesma obra na Biblioteca Municipal de Olhão, Biblioteca António Ramos Rosa em Faro e no Clube Farense na Rua de Sant António em Faro.

Na mesa comigo estarão, além do responsável da Instituição, o poeta Manel Madeira, o Dr. Varela Pires e a declamadora GISELA SINFRÓNIO.

CONVIDADOS, todos.

MAIS OBRAS,

CRÓNICAS DE VIAGEM I, crónicas escritas para o jornal Avezinha de Paderne, durante 2009.

CRÓNICAS PARA OS JORNAIS II, crónicas escritas para os jornais "O OLHANENSE", BRISAS DO SUL de Olhão, NOTÍCAS DE S. BRAZ e REGIÃO SUL.

VIVÊNCIAS, a lançar em Maio em Almada, no Forúm ROMEU CORREIA, onde vão estar comigo, o Professor Feliciano Oleiro, o Professor Jerónimo Presidente da APA, a declamadora Prof Helena Peixinho e o críticoliterário Professor ILDO SANTOS.

Até ao fim do ano, ainda quero apresentar a obra AQUI HÁ PASSADO, cujo enredo é passsado na cidade do Porto e anda SONETOS SIM, os meus sonetos de 2010.

A´vai m pouco de VIVÊNCIAS.

Uma gaivota voava, voava…
Asas de vento, coração de mar,
Somos livres…somos livres… de dizer…

Ermelinda Duarte

Neste livro, fala-se de amor, de amores difíceis, onde um homem se julga traído ou enganado, porque a realidade era não, e ele percebeu sim. Às vezes o amor vê coisas que nunca existiram, nem de perto nem de longe, mas convence-se que viu, ou pensa que viu. Para amar exige-se discernimento, confiança e serenidade. Só sendo sincero o amor é bonito. E só assim vale a pena. Já amaste alguém, perguntou-me ela uma vez. E eu respondi para dentro de mim dizendo que não. Não tem direito à vida quem não ama; nunca se divertiu quem nunca amou, porque o amor é divertimento, disse-me ela de outra vez. Amar é brincar sorrindo, é ter a certeza que nesse sorriso que vai e que vem, transporta para dentro dos nossos corações, a vontade de trocarmos um abraço, ou colarmos os lábios de cada um de nós aos lábios do outro, não esquecendo que estes últimos gestos físicos são uma consequência da necessidade e da vontade de amar, esse requisito que veio connosco com um calendário de execução muito apertado.
Lázaro chegou a casa às cinco da manhã, depois de ter enfrentado uma pequena tempestade doméstica, mas, à chegada, devido à saudade, talvez, ainda lhe ligou, tendo ela atendido.

As aldeias e o seu estatuto de zona interior, sempre tiveram as suas preciosidades humanas, os seus actores, poetas e outros artistas, figuras de extraordinário relevo e cheias de originalidade, com os seus encantos e desencantos, as suas paixões, as suas atitudes corajosas de nobreza e carácter.

Penso que os poetas e os prosadores, ou os pintores literários, como lhes chamou Balzac, se interessaram por essas cenas da província e escreveram sobres estas personalidades, porque perceberam ter aqui um manancial de ideias a explorar.

Levar uma junta de novilhos ao arado, observar o nascimento de uma cria, cavar um canteiro ou colher um fardo de feno pelas manhãs aproveitando as branduras que vêem das geadas, é campo propício aos artistas, para produzirem páginas maravilhosas, onde, á primeira vista tudo parecia desprovido de interesse.É preciso rigoroso conhecimento e saber, se se quiser devolver a tais quadros sociais a sua natureza autêntica, aparentemente vazia, mas que, depois de examinada, nela se encontrarão aspectos bem cheios e carregados de um enorme humanismo.

João Brito Sousa

RECEBI ESTA CARTA DE UM AMIGO


A PROPÓSITO DA MINHA POESIA EM "SONETOS IMPERFEITOS"

Ao meu Amigo Brito de Sousa,


È com muito orgulho que te envio um breve rascunho do meu pensamento sobre os teus belos Poemas.

Desculpa a demora, pois fui intervencionado à vista como te disse e só agora me foi possível, com segurança, ler esta coisa maravilhosa.

Aí vai,

Na minha modesta opinião (quem sou eu para opinar?) "Sonetos Imperfeitos"(ou Perfeitos?), contêm mensagens apelativas à natureza humana, à essência do Homem ao longo dos séculos.

Revelam "tout court" os enigmas da humanidade, do Homem, perante uma sociedade cada vez mais alheada de toda a ordem humana.

Por seu turno, transmitem a mensagem à pergunta do homem sobre o homem, a sua essência,, o sentido e o fim da sua existência.

Se cada um de nós, cogitasse na nossa fraglidade e finitude, o porquê do nosso ser pessoal, objecto corpóreo, sujeito às leis da realidade material, certamente que todos serámos mais tolerantes, sensatos e colocaríamos a nossa capacidade ao serviço do bem e em busca do espaço imagimário, que nos transcende e, obviamente, escapa a nossso conhecimento.

Felicitaçõs pela tua obra.


OEIRAS, Janero 2010
Alfredo Pedro (colega da Tomaz Cabreira)


MEU CARO ALFREDO

Irei responder à tua carta, mas para já, aí vai um Soneto retirado da minha próxima obra.


O IMPORTANTE É REAGIR


Aparecer e saudar o velho companheiro
A quem a determinada altura se disse não
Mas um não, não totalmente verdadeiro…
De discórdia sim... mas sofrendo alteração

O importante é dizer o que nós sentimos
Com alma, sinceridade, honradez e razão
Se for assim, virá o dia em que concluímos
Que a vida às vezes é sim outras será não

Sou capaz de ficar algum tempo desligado
Mas depois volto mais calmo e concentrado
Descontraído e sabendo por onde quero ir

A minha vida é ela mesmo, é parte de mim
Foi desta maneira que a percorri, foi assim
Que compreendi que o importante é reagir.



João Brito Sousa

domingo, 24 de janeiro de 2010

QUERO ESCREVER ESTE ROMANCE


DO PATACÃO A MAR E GUERRA

Do Patacão até Mar Guerra é uma história de recordações e amor à terra. Já escrevi isso algures; a nossa terra será sempre a nossa terra. E falando dela a saudade vem. Tudo na vida tem uma história e vamos contar isso. Vamos falar de recordações, coisas que vimos e vivemos.
Comecemos pela oficina de serralharia do mestre José Rosa, ou antes, pela casa antes, vindo de Faro, do senhor Alexandre Rosa
Anos quarenta.
A estrada que vai do Patacão a Faro, nesse tempo, era já alcatroada sim, mas mais pobre em termos de via rodoviária, comparada com a estrada de hoje que mais parece uma rua da cidade, fazendo do Patacão um bairro da cidade como na realidade parece que é. A oficina de serralharia do Mestre Rosa ficava à esquerda vindo de Faro e o mestre Artur era o homem com mais posição dentro da oficina. Ali se consertavam os alcatruzes das noras, que estavam pregados nas cordas que passavam pela roda grande do engenho deixando passar a água, porque estavam rotos, dizia-se na altura.
A oficina tinha muito trabalho e os filhos, o João e o Baptista trabalhavam lá também, já que o Zé Raimundo, um dos outros filhos, que conheci bem, porque acompanhava muito com o Joaquim Carrega, meu vizinho lá nos Braciais, instalou-se mais tarde em Moncarapacho depois de casar.
Uma oficina de serralharia civil é uma empresa especializada, porque tem lá as suas técnicas e um operário serralheiro leva muito tempo a formar. Naquele tempo, não havia centros de formação como há hoje, os ofícios iam-se aprendendo aos poucos, passando os conhecimentos dos oficiais para os principiantes.
O funcionamento interno da oficina era gerido por Mestre José Rosa, um senhor de grandes conhecimentos na arte de trabalhar o ferro e um cavalheiro na arte do relacionamento com as pessoas, o mais difícil, talvez, com os fornecedores e clientes, nomeadamente.
Mestre Zé era o patrão e era ele que recebia as encomendas e distribuía o trabalho. A oficina abria às nove da manhã e o equipamento começava a funcionar de imediato.

João Brito Sousa

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O POETA GASTÃO CRUZ



A POESIA DE GASTÃO CRUZ.

GASTÃO CRUZ, nasceu em Faro, em 1941. Poeta e crítico literário, formou-se em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa. Foi professor do ensino secundário e, entre 1980 e 1986, leitor de Português no King’s College, em Londres.

Como poeta, o seu nome aparece inicialmente ligado à publicação colectiva Poesia 61. Como crítico literário, colaborou em vários jornais e revistas ao longo dos anos sessenta. Essa colaboração foi reunida em volume, com o título A Poesia Portuguesa Hoje (1973), livro que permanece hoje como uma referência para o estudo da poesia portuguesa da década de sessenta.
Ligado também à actividade teatral, Gastão Cruz foi um dos fundadores do Grupo de Teatro

EDUARDO LOURENÇO: A HABITAÇÃO DO TEXTO

Por Gastão Cruz

A mais antiga lembrança que tenho de ouvir falar de Eduardo Lourenço remonta à década de 1950, talvez 1956 ou 57, quando eu era aluno de um dos últimos anos do curso liceal, em Faro. Um grande amigo e colega,extremamente bem informado acerca das mais diversas áreas culturais, da literatura à música, da pintura à filosofia – esta última o seu interesse principal – mencionou, a certa altura, um livro que reputava de grande importância, Heterodoxia de Eduardo Lourenço.


Não cheguei, naquele tempo, a ver tal livro, mas parece-me hoje surpreendente que um estudante liceal o conhecesse, não sei até que ponto, mas creio que não apenas de nome, sete ou oito anos somente depois da sua publicação, e quando o nome de Eduardo Lourenço estava ainda bem longe de ser conhecido como é hoje.

De qualquer modo, o conceito de “heterodoxia” exercia um indubitável fascínio nos espíritos destes dois adolescentes, que já sabiam, pelo menos, que era esse o seu modo de estar relativamente às ortodoxias vigentes mais perceptíveis, fossem elas a da Santa Madre Igreja ou a do regime político ditatorial.

Fixei o nome do autor e continuei a ouvi-lo com alguma frequência, ao longo dos anos subsequentes, mas suponho que só li, pela primeira vez, uma obra com a sua assinatura, quando, em 1961, Eduardo Lourenço prefaciou a Antologia de Eugénio de Andrade, editada pela Delfos.
Igualmente marcante foi a saída, em 1968, na Ulisseia, do livro Sentido e Forma da Poesia Neo-realista.

Era esse um tempo extraordinário, em que vários escritores, na sua maioria poetas, se reuniam quase diariamente, ao princípio da tarde, num pequeno restaurante que, depois do almoço, passava a café. A presença mais regular era a de Carlos de Oliveira, assiduidade que, aliada ao magnetismo da sua personalidade, fazia dela, de certa forma, o centro da sempre renovada reunião.

Eduardo Lourenço diz algures que, em grande parte, escreveu esse livro para se reconciliar com o autor de Colheita Perdida. E a verdade é que Carlos de Oliveira manifestou uma genuína alegria pelo aparecimento da obra. Pude testemunhá-lo e recordo também o reencontro entre os dois, quando, daí a pouco tempo, Eduardo Lourenço apareceu, uma tarde, naquela exaltante tertúlia, onde, apesar de, como disse, nela predominarem os poetas, não se falava apenas, nem talvez principalmente, de poesia: tudoo que fosse considerado de interesse se comentava, sobretudo a actualidade política, sempre com a esperança de que estivesse próximo o fim do odiado regime.

Esta memória afectiva de 1968 contribuiu decerto para que, quando, na Relâmpago, decidimos dedicar um número a Eduardo Lourenço, na sua especial qualidade de “leitor de poesia”, imediatamente me tenha ocorrido escrever alguma coisa acerca do ensaio que, em Sentido e Forma da Poesia Neo-realista, ele dedica a Carlos de Oliveira. Não irei obviamente repetir agora, nem sequer resumidamente, a análise que, no meu texto, procuro fazer da sua leitura do poeta de Cantata.

Gostaria de lembrar apenas que, abordando a poesia de Carlos de Oliveira do ponto de vista do “trágico” (que se trate do “trágico neo-realista” pouco importa), e considerando que “o banalizado e suspeito termo ‘existencial’[...], liberto da sua auréola idealista parece ajustar-se como poucos à [poesia] de Carlos de Oliveira”, Eduardo Lourenço inscreve este poeta na constelação dos que mais evidentemente o interessaram, de Antero a Pessoa e Sá-Carneiro, aqueles em quem o pessoano “mistério de existir”, indissociável do mistério de morrer, porventura mais fundamente se exprimiu na nossa poesia.

Junto destes, e na mesma perspectiva, ficaria bem o nome de Ruy Belo, a personalidade poética que, na segunda metade do século XX, mais intensamente encarna e prolonga a dialéctica desses dois mistérios, vida e morte, na imperceptível linha entre eles traçada reconhecendo o exaltante
contorno da “margem da alegria”.

A linguagem criada por Eduardo Lourenço para a aproximação aos poetas de quem fala, ou para a reflexão mais geral acerca da natureza da poesia, tem fortes afinidades com o modo como, no período moderno, alguns dos nossos principais poetas descreveram o seu ofício e o pensaram.

Numa das primeiras páginas de Pessoa Revisitado, podemos ler o seguinte: “O poeta é aquele que escolheu ter um ser através da sua linguagem. Isso pressupõe que a Linguagem possa dizer o ser. Por essência a poesia nunca duvidou disso, ou duvidou afirmando-se através dessa dúvida.”

Algum parentesco encontramos entre esta forma de falar do poeta e da poesia e, por exemplo, o texto, intitulado “Poética”, em que Eugénio de Andrade afirma: “O acto poético é o empenho total do ser para a sua revelação”. Também Sophia, numa das suas “Artes Poéticas”, diz: “A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é uma arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência nem uma estética nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. [...] Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta.”

Penso que, no Portugal do século XX, pouca gente escreveu sobre poesia como os próprios poetas. Melhor dizendo, poucos, além deles, falaram da poesia vivendo-a, isto é, habitando-a, para recuperar uma palavra, e uma ideia, de Eduardo Lourenço, que surge numa das entrevistas inéditas agora publicadas na revista Relâmpago.

Referindo-se ao já aqui citado prefácio, de 1961, à Antologia de Eugénio de Andrade, posteriormente incluído em Tempo e Poesia, fala Eduardo Lourenço de “uma proposição da crítica do poético que não seja da ordem do explicativo, nem da perífrase, mas da osmose, quer dizer, uma viagem no interior do texto não para lhe acrescentar qualquer coisa mas para o habitar.”

Penso que este conceito de crítica se afasta completamente do que é usual encontrarmos nos ríticos de poesia, o que não quer dizer que não existam caminhos diversos para a abordagem do poema.

Porém, este é absolutamente sedutor. E perigoso, na exacta medida do seu fascínio. É necessário, na verdade, alguém ter o génio literário de Eduardo Lourenço para se aventurar na via da riação de uma linguagem que, através da “osmose”, como ele nos diz, irá habitar o texto pré-existente,
triunfando nessa forma de acesso ao seu cerne significativo profundo. É certamente neste sentido que se tem dito que o estilo ensaístico de Eduardo Lourenço, quando fala de poesia, é o de um poeta. E é também compreensível que ele recuse essa classificação. Num sentido técnico, igamos, o autor de Tempo e Poesia não é, de facto, um poeta. Todavia, a sua crítica é, muitas vezes, um texto poético.

E não serão “poemas em prosa”, essa designação um tanto absurda, como ele lhe chama, usada desde Baudelaire, ensaios como “Ísis ou a inteligência”, “Orfeu e Abraão ou a poesia, a lucidez e a fé”, ou mesmo, de algum modo, “O poeta na cidade (hoje)”, agora publicados, ou, já em 1951, esse texto fundador da sua visão que é “Esfinge ou a poesia”, saído no primeiro número de Árvore?

Essa visão da poesia harmonizava-se perfeitamente com a exaltada consciência de modernidade que ecoava nas páginas da revista, e particularmente nos poemas, nos ensaios e nas recensões críticas assinados por António Ramos Rosa.

A concepção de uma poesia absolutamente livre, na sua intensidade criadora, conduzia à defesa de uma linguagem que se queria autónoma em relação à produção lógica do discurso ormalizado.

A esfinge, como alegoria do fenómeno poético, representava o que se tornara essencial discurso da poesia moderna: a ambiguidade. Cito: “Espírito da Terra capaz de romper através da vida obscura da inércia animal para oferecer uma face de deus ao apelo universal da luz, a Esfinge
4 é incarnação perfeita da ambiguidade radical da situação humana. E ao mesmo tempo a realização plástica mais concreta do acto original do homem: a poesia.

Chamaram-lhe misteriosa e enigmática. E ela não é senão ambígua.” E depois: “No espírito do seu criador, a Esfinge é uma resposta. A poesia é expressão de origens. Solicitado pela noite animal e a plenitude solar, um poeta talhou na rocha uma forma visível da sua condição. Compreender a Esfinge, compreender a poesia é olhá-la sem a tentação de lhe perguntar
nada. É aceitar o núcleo de silêncio donde todas as formas se destacam. A obra vale pela densidade de silêncio que nos impõe. Por isso os poetas que imaginam dizer dizer tudo são tão vãos como as estátuas gesticulantes.
Agora é fácil compreender como pôde nascer o mistério da esfinge. O enigma da poesia.”

O paradoxal silêncio da poesia, a que vários poetas se referem, de Eugénio de Andrade a Ruy Belo, não é senão a estranheza que a poesia sempre manifesta perante a realidade e se transforma na própria substância do seu dizer: “É uma coisa estranha este verão.” – assim começa o poema “Ácidos e óxidos” de Ruy Belo.

Diante do mundo, o poeta sente que a poesia é o próprio mundo e nada mais, que a linguagem poética mais não é que uma especial atenção às imagens que dele nos chegam e que essa atenção basta para o recriar. Disse-o Sophia, como já vimos, ao anunciar-nos que a poesia lhe pede “que
viva atenta como uma antena”. Disse-o igualmente Carlos de Oliveira em versos que muitas vezes tenho citado: “levantar a torre do meu canto/é recriar o mundo pedra a pedra”. E disse-o ainda, é claro, Fernando Pessoa, nesse pequeno supremo poema sobre a natureza da poesia: “Ao longe, ao luar,/No rio uma vela,/Serena a passar,/Que é que me revela?//Não sei, mas
meu ser/Tornou-se-me estranho”.

A estranheza causada por uma simples e serena vela que “ao longe, ao luar” passa no rio é, na verdade, a essência mais absoluta da poesia, o “autêntico real absoluto” do aforismo de Novalis que antigamente encontrávamos como lema da colecção Poesia, da Ática, e Eduardo Lourenço, na entrevista a que já me referi, volta a convocar, dizendo que o toma à letra.

Aquele “meu ser tornou-se-me estranho” é a essência da situação do poeta frente ao mundo, ou, como diria António Ramos Rosa, em “diálogo com o universo”. Ou ainda, como lemos em Vitorino Nemésio, “Nomeei as coisas e fiquei contente:/Prendi a frase ao texto do universo.”
Essa estranheza, que deriva de uma maior atenção ao mundo, não é senão a consciência que advém de uma outra (e afinal a mesma) atenção (e note-se como “atenção” volta a ser aqui a palavra-chave): a atenção à vida que Fernando Pessoa afirma ter posto nos seus três principais heterónimos:
“Por isso é sério tudo o que escrevi sob os nomes de Caeiro, Reis, Álvaro de Campos. Em qualquer destes pus um profundo conceito de vida, diverso em todos três, mas em todos gravemente atento à importância misteriosa de existir.”

Para exprimir tal estranheza, de que a modernidade tomou certamente mais aguda consciência, e que já está, evidentemente, em Cesário – por isso ele é um poeta moderno – teria de ser inventada uma nova linguagem, ou melhor, novas linguagens, que marcam impressivamente toda a história (já podemos falar assim) da poesia portuguesa do século XX.

Profundamente sensível a este vasto processo criador, Eduardo Lourenço sempre tem estado em consonância com ele, descobrindo a linguagem crítica que poderia, e pôde, “habitar”, como ele disse, esta poesia.

O seu trabalho tem sido, importa sublinhá-lo mais uma vez, fundamental para o nosso conhecimento, não apenas dos poetas que estudou, mas da poesia em si, e da modernidade poética, em particular.

Nenhuma obra crítica nos é tão essencial à compreensão do que mais importa no poderoso mundo poético que é o nosso – sobretudo o dos modernos, é claro, mas também o de outros que igualmente fascinaram Eduardo Lourenço: Camões, Antero. Porque é sempre de poesia que se
trata.

Termino, com estas palavras retiradas do ensaio “O poeta na cidade (hoje)”: “A poesia, quer dizer a longa trama dos poemas onde a humanidade a si mesma se construiu a única arca de Noé que sobrevive a todos os dilúvios – não é a nossa maneira de nos evadirmos do que somos
mas de nos apercebermos, embora em figura, como dizia São Paulo, de quem verdadeiramente somos. É uma barca de palavras, mas tem o poder de transfigurar o que é opaco e não humano naquela realidade que tem um sol no meio e chamamos vida, a nossa vida, a nossa única vida.”

Gastão

OPINIÃO.

Não sendo especialista, ocorre-me dizer, que a poesia de Gastão Cruz, vem na linha da poesia que privilegia a palavra em vez da mensagem, que, terá, certamente, os seus leitores fiéis e terá também dos outros.

Vê-se na sua poesia que é um autor com cultura acima da média. È um poeta que é mesmo poeta, que pretende, quanto a mim, elevar essa forma de comunicar que é a poesia.

Não tenho sensibilidade nem conhecimentos para apreciar a sua poesia, porque não lhe vejo total encantamento. Mas a lacuna é minha.

Mas prometo ir estudá-lo porque sinto arte nos seus trabalhos. Como este,



LEMBRANÇA DA RIA DE FARO

Dunas atrás da casa
gafanhotos cor de
madeira cardos cor de areia
ao fim da tarde,
barcos na água rósea
onde a cidade, em frente à casa, cai
De madeira caiada a
casa está
sobre a areia, que escurece quando
a maré devagar desce na praia


JBS

domingo, 17 de janeiro de 2010