domingo, 24 de janeiro de 2010

QUERO ESCREVER ESTE ROMANCE


DO PATACÃO A MAR E GUERRA

Do Patacão até Mar Guerra é uma história de recordações e amor à terra. Já escrevi isso algures; a nossa terra será sempre a nossa terra. E falando dela a saudade vem. Tudo na vida tem uma história e vamos contar isso. Vamos falar de recordações, coisas que vimos e vivemos.
Comecemos pela oficina de serralharia do mestre José Rosa, ou antes, pela casa antes, vindo de Faro, do senhor Alexandre Rosa
Anos quarenta.
A estrada que vai do Patacão a Faro, nesse tempo, era já alcatroada sim, mas mais pobre em termos de via rodoviária, comparada com a estrada de hoje que mais parece uma rua da cidade, fazendo do Patacão um bairro da cidade como na realidade parece que é. A oficina de serralharia do Mestre Rosa ficava à esquerda vindo de Faro e o mestre Artur era o homem com mais posição dentro da oficina. Ali se consertavam os alcatruzes das noras, que estavam pregados nas cordas que passavam pela roda grande do engenho deixando passar a água, porque estavam rotos, dizia-se na altura.
A oficina tinha muito trabalho e os filhos, o João e o Baptista trabalhavam lá também, já que o Zé Raimundo, um dos outros filhos, que conheci bem, porque acompanhava muito com o Joaquim Carrega, meu vizinho lá nos Braciais, instalou-se mais tarde em Moncarapacho depois de casar.
Uma oficina de serralharia civil é uma empresa especializada, porque tem lá as suas técnicas e um operário serralheiro leva muito tempo a formar. Naquele tempo, não havia centros de formação como há hoje, os ofícios iam-se aprendendo aos poucos, passando os conhecimentos dos oficiais para os principiantes.
O funcionamento interno da oficina era gerido por Mestre José Rosa, um senhor de grandes conhecimentos na arte de trabalhar o ferro e um cavalheiro na arte do relacionamento com as pessoas, o mais difícil, talvez, com os fornecedores e clientes, nomeadamente.
Mestre Zé era o patrão e era ele que recebia as encomendas e distribuía o trabalho. A oficina abria às nove da manhã e o equipamento começava a funcionar de imediato.

João Brito Sousa

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