quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A CRIANÇA QUE FUI!


A CRIANÇA QUE FUI.


Todos nós fomos crianças, todos nós fomos pequeninos, todos nós tivemos pai todos nós tivemos mãe. Parece que isto é assim. Depois de crianças e de pequeninos, crescemos na altura, na idade, na maneira de ser e noutros aspectos.

Face a isso, a todos se nos irá abrir um caminho, uma estrada para percorrer e uma missão para cumprir. Alguns ficaram apenas com o destino no horizonte porque não puderam chegar, por razões diversas… a lado nenhum. E aqueles que chegaram a iniciar a caminhada, foi-lhes exigido uma carga de trabalho excessivo, às vezes, grandes doses. Dizem que isto é a vida. A ser assim, qual o valor da vida?...

Falar de vida é a mesma coisa que falar da nossa existência. Se vivemos logo existimos. E a nossa existência, só ganha significado, se cada um de nós encontrar o itinerário adequado à sua própria maneira de ser e de pensar, e nela aplique toda a experiência que quotidianamente vai consolidando.

Com este comportamento pretende-se obter uma sabedoria e um conhecimento de tal dimensão, que nos possibilite encontrar verdades na vida com tal evidência que nos façam compreender o que é ou não é justo, o que é ou não é correcto, o que é ou não é desejável, o que é ou não é ético, pois só assim estaremos em condições de nos confrontarmos com o erro, com a desordem e a violência.

Compete-nos a nós, preocuparmo-nos com a nossa existência comprometendo-nos encontrar uma mudança para melhor. Com amor. Com amor à vida. É um trabalho de transmutação da condição humana, fundamentalmente uma afirmação de valores que constituam a base de um agir lúcido e corajoso, capazes de dominar aqueles impulsos, que sempre destruíram a liberdade e atraiçoaram a justiça.

É fundamental pensar num projecto que lance os alicerces sólidos e sem complexos direccionados a um humanismo real, repensando a articulação do pensamento com a prática, desenvolvendo uma actividade tal que nos traga as respostas para a densa problemática das finalidades da existência.

O trabalho a realizar será, portanto, dar uma orientação à vida no sentido de nos apercebermos de como agir nesse período precário e frágil, que cada ser humano assume como uma herança enigmática

Na realidade, a vida humana é um permanente diálogo entre o eu e o eu. Não obstante o horizonte se envolver na obscuridade e por consequência no terreno da irracionalidade, é preciso entender que o encontro com a vida, não sendo necessariamente o despertar de uma esperança é porem o único desafio que resta face ao desconhecido.

É uma interminável busca de respostas para interrogações fundamentais. Apesar de nenhuma explicação nos chegar, pensar a vida e examiná-la é o caminho próprio, tornando-se na tarefa mais antiga que o Homem tem tido a seu cargo desde a Antiguidade.

O ser humano encontra-se inteiramente abandonado à necessidade de se realizar por si mesmo. Mas alguma coisa de criança continuará sempre em nós.

Texto publicado no jornal AVEZNHA/Paderne
João Brito Sousa

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