segunda-feira, 13 de junho de 2011

O FADO FOI AO MUSEU

O FADO FOI AO MUSEU
Por João Brito Sousa



No último domingo de Janeiro passado, ouviu-se cantar o fado em S. Braz de Alportel, nas instalações do Museu do Traje. Foi muito bonito e eu aproveitei para falar do meu livro “SONETOS IMPERFEITOS”.

A apresentação do evento esteve a cargo da senhora D. Filomena, funcionária do Museu, que conduziu muito bem a sessão, a quem eu desde já apresento os meus parabéns.

O fado é a minha grande paixão e tenho muita pena de não o saber cantar. Porque o fado é exigente, é cativante, é apaixonante, é lindo e hoje já não tem nada a ver com o fado da desgraçadinha que andava no gamanço.

Quando se diz que o fado é triste, pessoalmente, penso não ser bem assim. Pode ser nostálgico, pode ser saudade, pode ser outra coisa semelhante mas também há o fado alegre, o fado que diz coisas bonitas que as pessoas gostam.

Já aqui falei das instalações do Museu e volto a dizer que me impressionaram, quer pela grandiosidade, pela área que ocupa e pelo asseio que verifiquei em todas as secções.

S. Braz nesse domingo estava bem servido de pessoas vindas de fora, restaurantes cheios e no Museu a ouvir fado, estavam largas dezenas de pessoas, muitas delas que fazem parte do grupo excursionista da D. Isilda Garrochinho, como o caro amigo Francisco de Sousa, que me cantou baixinho aquela do Clementino, Adeus Bordeira que eu vou/para a minha terra Natal/ Tu não sabes quem eu sou/ Pouco importa não faz mal, e o amigo Américo Ramos, poeta de grande valor, autor deste poema, Esqueceu-me de esquecer/ Minha maior aventura/ Imagem duma tortura/ Que verei até morrer/ Viagem suicida…através/ De horizontes sem fim/ Quilómetros, léguas assim/ Contaram meus pobres pés/ Costa do sul fui a Nordeste/ Como quem foge da peste/ Procurei um mundo humano/Escolhendo a vida à morte/ A dar sorte a um tirano.

Foi uma visita que recordo com saudade, pois os fadistas eram muitos e bons e foram cantados muitos fados bonitos, como o “Fado do Embuçado”, “Eu tive um Cavalo Ruço”, “Igreja de Santa Cruz” e outros fados clássicos da nossa cultura musical. Espectáculo a repetir pelo alto nível que atingiu.

Gostaria de recomendar a todos os meus leitores, que, podendo, façam uma visita ao Museu do Traje e S. Braz, não só porque o preço de entrada é insignificante e porque se podem ver muitos utensílios agrícolas já em desuso, como a mó onde se moía o milho para se fazer o xarém depois da farinha peneirada, as duas mós, a de cima com o respectivo cabo que a fazia andar à roda, as capachas, os potes de azeite, as aguilhadas para conduzir o gado na lavoura e muitas coisas mais.
No campo dos trajes, podemos ver as fardas que os soldados franceses usaram nas invasões e muitas outros modelos de vestuário.

É um passeio bonito, acreditem e lá estará a D. Filomena, com a sua simpatia e saber, para todas as explicações.

jbritosousa@sapo.pt
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