Tem o título acima. Acho uma história interessante. Vou colocar aqui um pouco para que alguém observe comente.
Aí vai:
As aldeias e o seu estatuto de zona interior, sempre tiveram as suas preciosidades humanas, os seus actores, poetas e outros artistas, figuras de extraordinário relevo e cheios de originalidade, com os seus encantos e desencantos, as suas paixões, exacerbadas às vezes, as suas traições e atitudes corajosas de nobreza e carácter.
Penso que os poetas e prosadores, ou os pintores literários, como lhes chama Balzac, se interessaram por essas cenas da província e escreveram sobre estas personalidades, porque perceberam ter aqui um manancial de ideias a explorar.
Levar uma junta de novilhos ao arado, observar o nascimento de uma cria, cavar um canteiro ou colher um fardo de feno pelas manhãs, aproveitando as branduras que vêem das geadas iniciando-se assim os trabalhos do campo é, terreno para os poetas e também escritores ou, á primeira vista desprovidas de interesse, mas de enorme postura social.
Para isso, exige-se rigoroso conhecimento e saber, se se quiser devolver a tais quadros sociais a sua natureza autêntica, aparentemente vazia, mas que, depois de examinada, nela se encontrarão aspectos bem cheios e ricos de um enorme humanismo.
Entre nós, Júlio Dinis e Camilo Castelo Branco preocuparam-se mito com isso, tendo este último pedido à esposa, Ana Plácido, que esperasse pelos obreiros no regresso do campo, para ter com eles meia hora de conversa junto às levadas lhe levasse as novidades.
As aldeias esquecidas e os seus valores artísticos a surgir..
Nessa tarde, a aldeia estava chuvosa e o dia triste. Dia sem esperança, negro como a plumagem duma toutinegra, céu carregado de promessas de chuva, o que levou o Joaquim Aleixo a recolher o gado mais cedo, porque diziam os antigos, que as ovelhas quando pressentem a chuva que está para chegar, ficam endiabradas.
- Já vais guardar o gado ó Quim, perguntou-lhe o Zé Costa que tinha acabado de sair de casa e o encontrou na estrada.
- Sim, vou, o gado quando “adivinha” chuva, torna-se bravio, disse o Quim. Além disso, há pouco pasto prós animais, sabes, por isso vou recolher e estender por aí um pouco de fenos e palha e está o assunto arrumado. Onde vais?
- Vou até ao Largo, ver se o pessoal está por lá, disse o Costa.
- Então vai que eu já lá apareço....
Quando o Zé Costa chegou ao Largo, verificou que o ambiente não era como noutros tempos, alguma coisa se passava e notava-se isso plenamente nos semblantes de cada um dos presentes. E perguntou ao Joaquim Amaro o que é que se estava a passar.
- O que é que há ó Joaquim? A malta está em baixo, que raio é isto, indagou o Costa.
- Morreu o Cheta e o funeral é hoje, disse o Joaquim Amaro.
- Quem é que morreu, Joaquim? voltou a perguntar o Costa.
- Foi o Lázaro, o maltez das herdades, repetiu o Amaro.
- Mas então o que é que aconteceu, perguntou ainda o Costa.
- Não sei, parece que não quis viver mais ...dizem que foi traído pelo amor. Uma espanhola que não o quis. É que se diz por aí, disse o Joaquim.
- Não o conheci bem, referiu o Costa. Ó professor, o senhor conheceu bem o maltez?
Penso que os poetas e prosadores, ou os pintores literários, como lhes chama Balzac, se interessaram por essas cenas da província e escreveram sobre estas personalidades, porque perceberam ter aqui um manancial de ideias a explorar.
Levar uma junta de novilhos ao arado, observar o nascimento de uma cria, cavar um canteiro ou colher um fardo de feno pelas manhãs, aproveitando as branduras que vêem das geadas iniciando-se assim os trabalhos do campo é, terreno para os poetas e também escritores ou, á primeira vista desprovidas de interesse, mas de enorme postura social.
Para isso, exige-se rigoroso conhecimento e saber, se se quiser devolver a tais quadros sociais a sua natureza autêntica, aparentemente vazia, mas que, depois de examinada, nela se encontrarão aspectos bem cheios e ricos de um enorme humanismo.
Entre nós, Júlio Dinis e Camilo Castelo Branco preocuparam-se mito com isso, tendo este último pedido à esposa, Ana Plácido, que esperasse pelos obreiros no regresso do campo, para ter com eles meia hora de conversa junto às levadas lhe levasse as novidades.
As aldeias esquecidas e os seus valores artísticos a surgir..
Nessa tarde, a aldeia estava chuvosa e o dia triste. Dia sem esperança, negro como a plumagem duma toutinegra, céu carregado de promessas de chuva, o que levou o Joaquim Aleixo a recolher o gado mais cedo, porque diziam os antigos, que as ovelhas quando pressentem a chuva que está para chegar, ficam endiabradas.
- Já vais guardar o gado ó Quim, perguntou-lhe o Zé Costa que tinha acabado de sair de casa e o encontrou na estrada.
- Sim, vou, o gado quando “adivinha” chuva, torna-se bravio, disse o Quim. Além disso, há pouco pasto prós animais, sabes, por isso vou recolher e estender por aí um pouco de fenos e palha e está o assunto arrumado. Onde vais?
- Vou até ao Largo, ver se o pessoal está por lá, disse o Costa.
- Então vai que eu já lá apareço....
Quando o Zé Costa chegou ao Largo, verificou que o ambiente não era como noutros tempos, alguma coisa se passava e notava-se isso plenamente nos semblantes de cada um dos presentes. E perguntou ao Joaquim Amaro o que é que se estava a passar.
- O que é que há ó Joaquim? A malta está em baixo, que raio é isto, indagou o Costa.
- Morreu o Cheta e o funeral é hoje, disse o Joaquim Amaro.
- Quem é que morreu, Joaquim? voltou a perguntar o Costa.
- Foi o Lázaro, o maltez das herdades, repetiu o Amaro.
- Mas então o que é que aconteceu, perguntou ainda o Costa.
- Não sei, parece que não quis viver mais ...dizem que foi traído pelo amor. Uma espanhola que não o quis. É que se diz por aí, disse o Joaquim.
- Não o conheci bem, referiu o Costa. Ó professor, o senhor conheceu bem o maltez?
JOÃO BRITO SOUSA